Para fazer face à crise que abrange todo o setor da cultura e, neste caso, o da música em específico, são muitos os que reinventam modos de sobrevivência financeira.
Há fundos de investimento a adquirir royalties de grandes êxitos musicais e a transformá-los em retornos a distribuir por quem neles investe, conseguindo superar o rendimento gerado nas bolsas.
Um artigo da Bloomberg revela a recente agitação em torno desta nova realidade em que os próprios músicos procuram tirar partido. O Hipgnosis Songs Fund é um desses fundos de investimento que é transacionado na bolsa de Londres. À semelhança de um fundo imobiliário que investe em propriedades, este possui um portefólio focado em propriedade, mas musical.
Lançado em 2018, o Hipgnosis Songs Fund permite que desde grandes investidores até pequenos investidores tenham acesso aos rendimentos de royalties e propriedade intelectual a partir de uma seleção de músicas que ficaram famosas por vários artistas. O fundo acabou de arrecadar 236 milhões de libras (260 milhões de euros) numa venda de ações para ajudar a financiar novas aquisições musicais.
O Hipgnosis é dirigido pela Merck Mercuriadis, que já foi responsável pela gestão das carreiras de artistas como Elton John, Beyoncé e Iron Maiden. Os títulos deste fundo subiram mais de 10% este ano, tornando-se num “êxito” na bolsa londrina, onde muitas empresas viram o seu desempenho ser afetado pela disseminação do coronavírus e pelos subsequentes bloqueios.
A Bloomberg explica que esses bloqueios trouxeram mesmo novas oportunidades para quem compra músicas, já que vários artistas procuraram formas alternativas para ganhar dinheiro, e compensar as perdas de bilheteira nos espetáculos ao vivo cancelados devido à pandemia. O Hipgnosis, procura combinar dois mundos aparentemente opostos: o dos compositores e artistas que querem ganhar dinheiro com a sua música e o dos investidores – grandes ou pequenos – que pretendem gerar rendimentos num quadro de pressão negativa nos retornos dos títulos de empresas atingidas pelo vírus que se vêem ainda obrigadas a cancelar dividendos.
Mas o Hipgnosis é apenas um dos exemplos entre os que no mercado financeiro procuram tirar rendimento dos grandes sucessos musicais. A Providence Equity Partners e a Warner Music lançaram o fundo de investimento Tempo Music Investments fund avaliado em 650 milhões de dólares no final do ano passado. Já a Primary Wave Music Publishing angariou mil milhões de dólares para dois fundos de propriedade intelectual nos últimos quatro anos e prepara-se para em breve lançar um terceiro fundo de grandes dimensões.
Fonte: Bloomberg
Liliana Teixeira Lopes