O cartoonista Quino morreu ontem.
O cartoonista Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido pelo pseudónimo “Quino”, o criador da emblemática Mafalda, morreu na quarta-feira, 30 de setembro, aos 88 anos, anunciou o seu editor, Daniel Divinsky, no Twitter.
De acordo com o jornal argentino Clarín, o autor morreu na sequência de um acidente vascular cerebral que sofreu na semana passada.
Filho de espanhóis, nascido em 1932, Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, desenhou e publicou vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, em que predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política.
Quino já era um dos mais importantes cartoonistas e humoristas da Argentina quando surgiu a sua maior criação, uma menina contestatária da classe média cujas irónicas mensagens sociais e políticas extravasaram a sociedade argentina e se espalharam pelo mundo, traduzidas em 27 línguas: Mafalda.
Mafalda nasceu em 1963, quando uma agência publicitária pediu a Quino, então com 30 anos e já um dos mais importantes desenhadores da Argentina, para criar uma tira cómica como publicidade “disfarçada” a uma empresa de eletrodomésticos.
Entre os requisitos, os protagonistas tinham de ser crianças e adultos de uma típica família da classe média e o nome de uma das personagens devia ter uma alusão à marca, que começava pelas letras M e A.
De traços simples, cabelo negro farto e muito opinativa, Mafalda nasceu logo com uma personalidade irreverente, mas o cliente da agência acabou por recusar a campanha. Quino guardou as poucas tiras que desenhara e acabou por recuperar a personagem em setembro 1964, quando o “Primera Plana”, o mais importante semanário da Argentina, o convidou para uma colaboração regular satírica.
A par da atitude de adulto mas com o desarmante discurso de uma criança, Mafalda tinha essa mesma condição de menina, que detestava sopa, adorava os Beatles, não compreendia a guerra no Vietname e tinha monólogos preocupados em frente a um globo terrestre.
O fenómeno “Mafalda” explodiu em 1966, quando um primeiro álbum a juntar vinhetas de um pequeno editor foi colocado à venda sem expectativas e esgotou em 12 dias.
Apesar da produção regular ter terminado em 1973, as tiras sobre Mafalda e várias personagens que gravitavam à sua volta – como Susanita, Miguelito, Manolito, Felipe e Liberdade – nunca perderam atualidade ou popularidade, reforçadas pelos álbuns, organizados por temas, “Mafalda, A Contestatária”, “Os Sarilhos de Mafalda”, “Que Vida, Mafalda!”, “Deixem a Mafalda Voar” e “Três Histórias de Mafalda”, além da gigantesca coletânea “Toda a Mafalda”.
Fonte: SAPO Mag
Liliana Teixeira Lopes