A cerimónia de entrega de prémios está agendada para este fim de semana, mas está já a ser ensombrada por uma onda de suspeição levantada por uma investigação levada a cabo pelo jornal LA Times.

A poucos dias da entrega dos Globos de Ouro, uma investigação do jornal norte-americano Los Angeles Times levantou dúvidas sobre o funcionamento e conduta ética da Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood, que atribui aqueles prémios.

Na investigação publicada na segunda-feira (22), o LA Times questiona a relevância que a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood ainda tem na indústria cinematográfica nos Estados Unidos, divulgando que os membros da organização recebem remunerações avultadas, cuja proveniência não é transparente, e nem todos são efetivamente jornalistas.

A partir de entrevistas com mais de 50 pessoas, incluindo agentes, produtores de estúdios de produção e sete antigos e atuais membros da associação, o jornal norte-americano traça uma imagem de atuação duvidosa, protecionista dos seus membros e desligada da realidade.

Segundo o jornal, está em curso um processo em tribunal interposto em 2020 pela jornalista norueguesa Kjersti Flaa, que viu negada a admissão na associação, acusando a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood de perpetuar “uma cultura de corrupção” entre os seus membros e de ser conivente com jornalistas que recebem dinheiro de estúdios de cinema, tudo isto feito “num código de silêncio”.

Em novembro, o juiz federal rejeitou a ação judicial, mas a jornalista recorreu da decisão, contando agora também com a participação no caso da jornalista espanhola Rosa Gamazo.

Ao jornal, Kjersti Flaa considera que é preciso manter a pressão pública sobre a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood para a obrigar a uma mudança.

O LA Times confirmou também que entre os 87 membros não existe qualquer pessoa negra, facto que a associação admitiu e manifestou “comprometida” em alterar, outros estão em representação de vários países e há ainda “muitos que não são verdadeiramente jornalistas, porque não são ameaça para ninguém”, como descreveu um elemento da organização.

Os Globos de Ouro têm sido vistos como uma antecâmara para os Óscares, mas em anos recentes a sua importância tem sido questionada e até ridicularizada.

A 78ª edição dos Globos de Ouro está marcada para domingo, 28 de fevereiro, contará com apresentação de Tina Fey e Amy Poehler e a cerimónia será apenas virtual.

https://www.latimes.com/entertainment-arts/business/story/2021-02-21/hfpa-golden-globes-2021

Fonte: Lusa / LA Times

Liliana Teixeira Lopes