Liliana Teixeira Lopes
Estreou a 14 de abril, na RTP 1 a série de ficção nacional “Vento Norte” que se centra no episódio do golpe de Estado de 28 de maio de 1926.
Nesta série de época, o ator Almeno Gonçalves dá corpo a Afonso, um antigo deputado do governo de João Franco, casado com Isabel (Natália Luiza), uma liberal. O confronto entre ambos faz-se de segredos do passado mas também de diferentes visões do futuro, e é através das vidas dos seus três filhos que vários aspetos da sociedade, como as artes, o futebol, a droga e a política, são abordados. Tomaz, o mais velho, é um sobrevivente da I Guerra Mundial de regresso a casa. Margarida é a artista da família, apaixonada por cinema e viciada em cocaína, que revela uma Lisboa dos loucos anos 20. E Ricardo é o mais novo e o mais problemático, representando uma juventude a despertar, lado a lado, com a criação de um clube de futebol.
Com a ação centrada em Braga, a vida dos empregados do Solar dos Biscainhos, núcleo encabeçado pela governanta Arminda, ganha destaque no enredo, ao mostrar a ruralidade de Portugal naquela época, sobretudo a norte, no Minho. Havia uma dependência face aos senhorios e às terras; a grande diferença perante o resto do País é a forte vertente religiosa de Braga”.
Do elenco de “Vento Norte” fazem ainda parte, entre outros, Sisley Dias, Patrícia Pinheiro, Rodrigo Tomás e Margarida Carpinteiro.
“Vento Norte” surgiu depois do ator e protagonista da série Almeno Gonçalves ter ouvido uma conversa de café e ter ficado a pensar em como muitos portugueses desconhecem um período da nossa História, que vai da implantação da República (1910) até à instituição da ditadura militar, mais tarde o Estado Novo. Falou com o argumentista João Lacerda Matos (a quem se juntaria mais tarde a guionista Raquel Palermo) e com o realizador João Cayatte, e os factos verídicos começaram a inspirar a história de uma família, os Mello, com personagens ficcionadas.
Esta é uma linha da história em que também se fala do aparecimento de comunistas e anarquistas.