O documentário da realizadora Joana Pontes chega esta semana às salas de cinema.
Liliana Teixeira Lopes
A realizadora Joana Pontes, que estreia esta semana o documentário “Visões do império”, lamentou que o trabalho de investigação em arquivos não passe mais para o espaço público e criticou o estado de “descuido total” nestes equipamentos.
Joana Pontes, investigadora e realizadora, falava à agência Lusa a propósito da estreia comercial do filme “Visões do Império”, depois de ter integrado a programação do DocLisboa.
O filme tem realização de Joana Pontes, mas coautoria com os investigadores Miguel Bandeira Jerónimo e Filipa Lowndes Vicente, e mergulha em arquivos públicos e privados para refletir sobre a utilização da fotografia durante o Estado Novo, para criar uma narrativa imperialista dos territórios colonizados.
Nesta reflexão sobre a construção de uma imagem do país naquele período, até à revolução de Abril de 1974, Joana Pontes contou com recurso às fotografias tiradas em contexto privado e familiar pelos portugueses que habitaram nas ex-colónias, nomeadamente a própria família da realizadora.
Na procura de respostas a perguntas sobre a presença portuguesa naqueles territórios, Joana Pontes recorreu também aos seus álbuns de família que remetem para Angola, onde nasceu e passou a infância.
Além do documentário, este trabalho de pesquisa resultou também numa exposição que está patente até ao final do ano no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, e dá ainda lugar à edição de um livro.
Joana Pontes é coautora, entre outras obras, do documentário “As horas do Douro” e da série “Portugal, um retrato social”, ambos com António Barreto, e do documentário “O escritor prodigioso”, sobre Jorge de Sena.