Uma retrospetiva da obra da realizadora italiana vai acontecer no âmbito do festival na Cinemateca Portuguesa.

Liliana Teixeira Lopes

A obra da realizadora italiana Cecilia Mangini, “um dos nomes maiores do documentário”, vai ser alvo de uma retrospetiva integral, em outubro, pelo festival DocLisboa e a Cinemateca Portuguesa.

A retrospetiva tem por objetivo “dar a ver o trabalho de uma das mulheres pioneiras no documentário italiano (…), um trabalho fundamental e ainda pouco conhecido sobre um período histórico de grandes convulsões em Itália, com um olhar particularmente preocupado com os mais desfavorecidos”, escreve a Cinemateca Portuguesa.

Cecilia Mangini morreu no passado mês de janeiro, aos 93 anos, depois de uma carreira que a converteu “num referente” do documentário, e que se manteve ativa até ao ano passado, quando estreou o seu derradeiro filme, “Due scatole dimenticate” (“Duas caixas esquecidas”, de 2020), no Festival de Cinema Europeu de Sevilha, que homenageou a realizadora.

Nascida em 1927, em Mola di Bari, no Sul da Itália, “filha de pai socialista, de origem humilde, e de mãe nobre, Mangini cedo se afastou do fascismo da educação oficial” da época, “optando pelos ideais de esquerda, assumindo-se mais tarde como anarquista”, lê-se na apresentação da Cinemateca.

Mangini iniciou-ne na fotografia, em 1952, e estreou-se no cinema em 1958, com “Ignoti alla Città” (“Ignorado pela cidade”), em colaboração com Pier Paolo Pasolini, autor do texto documentário de 12 minutos sobre os jovens da periferia de Roma e o seu mundo marginal, na altura proibido pela censura.

A retrospetiva, organizada com o apoio do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, inclui todos os filmes dirigidos por Cecilia Mangini e também um conjunto de títulos assinados por seu marido, o cineasta Lino Del Fra (1927-1997), nos quais a realizadora “deixou a sua marca como argumentista ou colaboradora influente”.

A 19ª edição do Doclisboa decorre de 21 a 31 de outubro, e projeta o regresso às salas de cinema da capital.

https://doclisboa.org/2020/