Povoada pelas palavras poéticas e pinturas de Malak Mattar, esta exposição envolve-nos no tenso ambiente da Faixa de Gaza. Nascida numa das regiões mais conturbadas e policiadas mundialmente, Malak testemunhou os avanços da ocupação territorial e o progressivo controlo militar no seu país. Efetivamente, a situação é a de uma ‘prisão a céu aberto’. Como toda a população local, a pintora é afetada pela restrição do acesso a bens essenciais, e dependente de vistos muito dificilmente atribuídos para qualquer visita ao estrangeiro – semelhante à imposição de um confinamento prisional sobre o território.
Esta vulnerabilidade palestiniana a destrutivos ataques aéreos, ao violento policiamento e à penalização e aprisionamento abusivos da população por parte de Israel é captada no trabalho de Malak, que nos apresenta uma dicotomia de inquietante isolamento e simultânea esperança de uma conciliação pacífica. Sob a envolvência sonora da cidade de Gaza, as figuras palestinianas que compõem as suas telas – maioritariamente mulheres de olhar expressivo e penetrante – criam, ainda assim, composições de um afeto familiar, numa palete de cores quentes e símbolos de paz e harmonia natural.