O mítico saxofonista deixa "uma influência incalculável", escreveu o New York Times.
O saxofonista norte-americano Wayne Shorter, considerado um “titã do jazz”, morreu ontem, quinta-feira, aos 89 anos em Los Angeles, Califórnia, revelou a imprensa norte-americana.
Citando a agente, o jornal The New York Times escreve que Wayne Shorter, “o enigmático e intrépido saxofonista que moldou os contornos do jazz moderno”, morreu num hospital, não tendo sido revelada a causa.
Com uma carreira com mais de 50 anos, Wayne Shorter deixa “uma influência incalculável” enquanto saxofonista e um legado que marca a história do jazz, escreveu o New York Times.
Wayne Shorter começou a tocar aos 16 anos, depois de ter visto em Newark, onde nasceu, uma atuação que juntou nomes como Lester Young, Stan Kenton, Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Russell Jacquet.
Ainda adolescente formou The Jazz Informers e embrenhou-se na cena jazz tanto em Newark como em Manhattan, quando entrou na Universidade de Nova Iorque, refere a biografia no portal All About Jazz.
No final dos anos 1950, Wayne Shorter começou a tocar com John Coltrane e Sonny Rollins e juntou-se, depois, aos Jazz Messengers, de Art Blakey, com quem tocou até meados dos anos 1960.
Em 1964, foi convidado por Miles Davis para uma digressão, juntamente com Herbie Hancock, Tony Williams e Ron Carter, num quinteto histórico que durou vários anos.
A par dos Jazz Messengers e do quinteto de Miles Davis, Wayne Shorter fez ainda parte de um projeto considerado fulcral no seu percurso, o grupo de fusão Weather Report, com o teclista e compositor Joe Zawinul.
O New York Times sublinha que a par da “legião de fãs” que conquistou no jazz, Wayne Shorter “forjou uma ligação com a música popular”, por ter colaborado, por exemplo, com Joni Mitchell e Carlos Santana.
O jornal lembra ainda que Wayne Shorter gravou em 1974 o álbum “Native Dancer” com o músico brasileiro Milton Nascimento, por sugestão da segunda mulher do saxofonista, Ana Maria Shorter, que viveu a infância em Angola, ainda sob domínio colonial português.
Entre os vários álbuns editados, Wayne Shorter, que soma 12 prémios Grammy, gravou “1+1” (1997) com o pianista Herbie Hancock, com quem partilhava afinidades musicais e espirituais no budismo.
Wayne Shorter atuou por diversas vezes em Portugal, nomeadamente no Coliseu de Lisboa em 1991, no Estoril Jazz em 2003, no Guimarães Jazz em 2006, na Casa da Música, Porto, em 2009, e no Centro Cultural de Belém (Lisboa), em 2014.
Fonte: The New York Times / Lusa
Liliana Teixeira Lopes