A jornada berlinense rumo à sustentabilidade da vida noturna já dura há algum tempo, mas agora dá novos passos importantes. Depois do anúncio, em novembro, de um fundo público de um milhão de euros com vista à insonorização de clubes e respectivas áreas envolventes, a capital alemã associa-se, agora, à ONG Friends of the Earth Germany e à organização clubliebe e.V. para pôr a indústria da noite na linha da frente rumo à neutralidade carbónica da cidade, cujo prazo está definido para 2050.
Numa reportagem da Deutsche-Welle, Georg Kössler, um representante do partido dos Verdes no poder local, explica como os clubes de Berlim são visitados por milhares de pessoas tanto locais, como turistas, e, por isso, podem liderar a revolução ambiental da cidade. Trocar a iluminação habitual por conjuntos LED, automatizar as horas de funcionamento de sistemas de aquecimento e refrigeração e melhorar a gestão de resíduos são algumas das medidas para que a indústria da noite pode, agora, obter ajuda financeira do senado de Berlim. Entre outras mudanças que podem fazer a diferença, está também a ideia da pista de dança capaz de gerar energia graças ao movimento das pessoas a dançar – uma ideia desenvolvida pelo designer neerlandês, Daan Roosegaarde, mas cujo investimento avultado pode desmotivar muitos clubes. Neste sentido, trabalhar com as ONGs é uma boa aposta para começar mudanças, graças a apoios e vistorias técnicas.
De acordo com a Friends of the Earth Germany, um clube produz anualmente cerca de 30 toneladas de dióxido de carbono, além de consumir num fim-de-semana mais energia que uma casa durante o ano inteiro. Mas, conforme refere a peça, a abertura a questões activistas como o combate ao racismo, à homofobia e à violência de género coloca, igualmente, indústria da noite numa posição privilegiada de influenciar comportamentos também na esfera ambiental.
João Barros