É uma retrospetiva da obra da cineasta que acontece em abril no Batalha, no Porto.
Liliana Teixeira Lopes
A mais completa retrospetiva em Portugal da obra da realizadora neozelandesa Jane Campion vai ser exibida a partir de abril no Batalha – Centro de Cinema, no Porto.
A retrospetiva, “a mais completa até ao momento em Portugal”, vai incluir todas as longas-metragens e uma seleção de curtas-metragens, que ilustram “o percurso pioneiro da cineasta e a sua contínua exploração da psique humana”, lê-se numa nota de imprensa.
O ciclo, intitulado “Sem Cedências”, arranca a 5 de abril com “Sweetie” (1989), primeira longa-metragem de ficção, “uma excêntrica comédia negra centrada no relacionamento disfuncional entre duas irmãs” e que esteve em competição no Festival de Cinema de Cannes, em França.
Ainda em abril, o Batalha exibe “Um anjo à minha mesa” (1990), retrato autobiográfico da escritora neozelandesa Janet Frame, o telefilme “Two Friends” (1986) e várias curtas-metragens feitas no começo dos anos 1980.
A retrospetiva prolonga-se até 15 de junho, estando prometidos, entre outros, “O piano” (1993), filme que lhe deu projeção internacional e com o qual conquistou vários prémios, nomeadamente a Palma de Ouro em Cannes, um Óscar pela escrita de argumento e uma nomeação nestes prémios pela realização.
“Retrato de uma senhora” (1996), a partir de um romance de Henry James, e “O poder do cão” (2021), com o qual conquistou o Óscar de melhor realização, também integram o ciclo.
“Apesar de pouco extensa, a sua filmografia – marcada por protagonistas femininas fortes e assertivas e uma diversidade formal impressionante – tem somado, ao longo de décadas, aplausos da crítica”, lembrou o Batalha – Centro de Cinema.
Jane Campion, que completa 70 anos no próximo dia 30 de abril, estudou Antropologia, Pintura e Cinema e fez os primeiros filmes ainda em contexto escolar, estreando-se nas longas-metragens com “Sweetie”.
“O poder do cão”, a partir de um romance de Thomas Savage de 1967, sobre masculinidade tóxica e homossexualidade num meio rural, representou um regresso de Jane Campion ao cinema depois de ter feito uma série de televisão, “Margens do Paraíso” (2013-2017).
Na altura, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Jane Campion admitia que quase desistiu do cinema antes de “O poder do cão”, desiludida com a máquina de produção de cinema de Hollywood.