A polémica em torno deste documentário tem sido enorme e a discussão do problema também e a vários níveis. Um doxcumentário, que segundo o realizador Dan Reed, não é sobre Michael Jackson.
Liliana Teixeira Lopes
“Leaving Neverland” estreou no início deste mês nos Estados Unidos, no canal HBO. Mas antes de isso já tinha passado por festivais como o “Sundance”.
Dan Reed, neste documentário de 4 horas, dividido em duas partes, conta a história, através de entrevista, de dois homens: Wade Robson, de 36 anos, e James Safechuck, de 41. Os dois (primeiro um e depois o outro), acabaram por, recentemente, vir a público revelar que foram sexualmente abusados por Michael Jackson quando eram crianças.
A história que Wade e James contam, a sua, é verdadeiramente perturbadora. O documentário, é bastante descritivo sobre os abusos físicos, sexuais e mentais que ambos contam ter sofrido.
“Leaving Neverland” é por isso um documentário muito duro, muito cru, muito difícil de ver. Mas ao mesmo tempo, o realizador conta esta história, até no modo como capta as imagens, de uma forma muito sensível.
Mas é inegável que tinha que suscitar controvérsia. Michael Jackson é um enorme ídolo, que apesar de ter sido alvo de vários rumores e até de processos em tribunal por alegados abusos sexuais a menores, nunca foi condenado. Por outro lado, já morreu e não está cá para se defender. Nem sequer a família foi tida nem achada nesta história.
Dan Reed já explicou que “Leaving Neverland” não é sobre Michael Jackson, mas sim sobre Wade e James. Admite, no entanto, que o músico é diretamente acusado neste documentário e, por isso, inclui nesta obra os vários registos filmados de Michael Jackson a defender-se das acusações, assim como as declarações que foram feitas publicamente pelos seus advogados.
Mas inclui também as declarações feitas pelos familiares de Wade e James.
Este filme é chocante e acabou por suscitar não só raiva de uns e de outros, mas também questões não só ao nível da psicologia, sobre como analisar o que estes dois homens contam e sentem e como é que se consegue ou não entender a forma como os pais dos dois se comportaram, mas também ao nível jornalístico, do que deve ou não ser incluído num documentário sobre uma polémica.
Dan Reed não esconde ser parcial e de acreditar na história de Wade e James. Mas diz também que “Leaving Neverland” não é uma peça jornalística.