Um documentário sobre a “diva” que é muito mais do que isso, uma diva.
Liliana Teixeira Lopes
Na semana em que Grace Jones atua no Festival NOS Alive, tem toda a pertinência falar do documentário “Grace Jones: Bloodlight and Bami”, realizado por Sophie Fiennes.
O filme foi mostrado em festivais e ao público em 2017, mas Sophie Fiennes levou cerca de 10 anos a rodá-lo, acompanhando Grace Jones na sua vida, em conversas à mesa do jantar em família, a discutir com os seus colaboradores ou simplesmente a conversar com eles, e também a atuar em palco.
Sophie Fiennes não faz deste documentário uma biografia – não é esse o seu objetivo.
O objetivo é fazer com que entremos no mundo de Grace Jones, que mergulhemos nele… de cabeça.
Sophie Fiennes, irmã dos atores Ralph e Joseph Fiennes, em 2002/2003, quando gravava um outro documentário sobre o irmão de Grace Jones, um pregador de uma igreja em Compton, conheceu a performer. Rapidamente, ambas perceberam que se entendiam e que tinham que tentar criar algo em conjunto. Assim, começou a surgir “Grace Jones: Bloodlight and Bami”.
Neste documentário Sophie usou para a grande maioria das filmagens um pequeno kit com uma câmara digital, microfone e um tripé desdobrável, que coubessem dentro de uma mala, de modo a ser simples e fácil acompanhar a artista para todo o lado e a poder filmar os momentos da vida de Grace Jones. Para registar as atuações de Grace já teve de usar um equipamento mais sofisticado.
Sophie revela aqui não só a artista, figura pública excêntrica e ícone da cultura pop das décadas de 70 e 80, como também a faceta mais íntima daquela a quem os fãs chamam “Amazing Grace”: uma mulher de negócios, a amante, a mãe, a irmã e também a avó.
Ao longo de uma década, a realizadora britânica acompanhou a modelo, cantora e actriz Grace Jones por onde quer que ela andasse, da sua Jamaica natal aos Estados Unidos onde viveu, visitando a família, indo de férias, gravando um álbum, sendo fotografada por Jean-Paul Goude (do qual foi a musa e teve um filho, Paulo) ou muito simplesmente descansando em casa.
O resultado dessa década de filmagens é este documentário de duas horas intitulado “Grace Jones: Bloodlight and Bami” – um documento sem julgamentos.