A música electrónica junta-se aos ecos contra o Brexit, com a confirmação do grupo R3 Soundsystem nos protestos marcados para o dia 19 de Outubro em Londres.
O colectivo de DJs integra nomes de peso, como os Groove Armada, Floating Points, Matthew Herbert, Ed Simons dos Chemical Brothers ou os norte-irlandeses Bicep, numa lista que conta com quatro dezenas de participantes. Sob o mote “Resist, Reject, Revolt” (resistir, rejeitar, revoltar), o R3 Soundsystem confirma que fará parte da caravana da manifestação popular, exigindo o fim do Brexit e do governo conservador, e defendendo eleições antecipadas.
Questões como possíveis taxas alfandegárias e embargos sobre edições de discos, bem como a saída do quadro regulatório do IVA da UE ou do regime de livre circulação de pessoas e bens (que facilitam concertos e digressões tanto na ilha como no continente) colocam a indústria da música numa posição particularmente vulnerável ao impacto do Brexit.
No que toca a registos discográficos, em 2017, os dados da British Phonographic Industry apontavam a Europa como o maior mercado de exportação de edições de música britânica, garantindo uma fatia de 42% do total. As más notícias neste capítulo deixam, ainda, adivinhar um efeito particularmente nefasto no mercado britânico de vinil, cuja produção depende maioritariamente de fábricas em países como a República Checa.
No seu relatório mais recente, a organização UK Music (que representa a indústria musical britânica) aponta para as receitas com exportações como mais de metade das contribuições totais do sector na economia do país – representando £2,7 dos £4,5 mil milhões de libras que totalizam o valor da indústria musical britânica em 2018.
Com um Brexit que continua incerto e sem garantias de acordos entre as duas partes, o futuro da exportação musical no Reino Unido para a Europa permanece em aberto.
João Barros