A Justiça italiana bloqueou o empréstimo de "Homem de Vitrúvio”, de Leonardo Da Vinci ao Louvre.
A Justiça italiana bloqueou o empréstimo a França de o “Homem de Vitrúvio”, de Leonardo Da Vinci, da Academia de Veneza, que o Louvre esperava incluir na exposição que assinala os 500 anos da morte do génio renascentista.
A obra, um dos mais conhecidos desenhos de Leonardo Da Vinci, estava anunciada para a exposição do museu parisiense, a inaugurar no próximo dia 24 de outubro, e deveria ser enviada para a capital francesa antes da abertura da exposição.
Esta e algumas outras obras de instituições públicas italianas estavam para ser emprestadas a Paris, no âmbito de um acordo entre os dois países, que também previa o empréstimo a Itália de algumas pinturas de Rafael, nos 500 anos da morte do outro mestre da Renascença, a assinalar em 2020.
O Tribunal Administrativo Regional de Veneza aceitou na terça-feira um recurso urgente apresentado por uma associação italiana sem fins lucrativos, Italia Nostra, dedicada à preservação do património histórico e artístico do país, que argumentou que a obra não podia sair de Itália, por causa do grau de degradação que poderá sofrer.
O tribunal italiano aceitou a argumentação e suspendeu o memorando de entendimento firmado entre França e Itália, pois considerou que “viola o princípio do sistema jurídico pelo qual os gabinetes públicos se dividem em órgãos de direção e controlo, por um lado, e de execução e gestão”, por outro.
A decisão foi criticada pelo ministério italiano da Cultura, que, escreve em comunicado: “é completamente incompreensível”.
A troca destas obras já tinha sido objeto de controvérsia no ano passado, quando a Liga Norte, de extrema-direita, fazia parte do governo, juntamente com o Movimento 5 Estrelas. Na altura, o governo italiano anunciou que não iria autorizar o empréstimo de obras para a exposição do Louvre, tendo a então subsecretária de Estado da Cultura, Lucia Borgonzoni, argumentado que “Leonardo era italiano, só morreu em França e, por isso, dar ao Louvre todas essas pinturas seria colocar a Itália nas margens de um grande evento cultural”.
Segundo a página do Louvre na internet, esta exposição vai reunir “um grupo exclusivo” de obras de Da Vinci, entre pinturas, desenhos e esculturas, com origem em diferentes instituições, que se juntarão às “grandes pinturas” da coleção do Louvre, como “Mona Lisa”, “A Virgem e Santa Ana”, “Baco” e “São João Baptista”.
O Louvre recorda que Leonardo Da Vinci abandonou Itália após a morte do seu patrono, Giuliano de Medici, tendo chegado ao Castelo de Clos Lucé, em Ambroise, em novembro de 1516, onde permaneceu até à sua morte, três anos depois.
Fonte: Lusa
Liliana Teixeira Lopes