A direção demitiu-se em bloco a 15 dias dos César.
A direção da Academia Francesa dos prémios César, o “Óscar do cinema francês”, anunciou na quinta-feira (dia 13) a demissão coletiva de todos os seus membros, a 15 dias da próxima cerimónia. As razões são as críticas à sua gestão e a polémica em relação ao cineasta Roman Polanski.
Este anúncio ocorre pouco depois da publicação na segunda-feira de uma nota no jornal Le Monde, em que cerca de 400 personalidades francesas do cinema, incluindo Omar Sy, Bertrand Tavernier, Michel Hazanavicius, Jacques Audiard, Marina Foïs e Agnès Jaoui, reivindicam um “reforma profunda” na Academia em nome da diversidade e transparência.
No mesmo texto, criticam o “mau funcionamento”, a “falta de transparência na contabilidade” e estatutos que “não mudam há muito tempo” e que se baseiam na “cooptação”.
Outro motivo de mal-estar é a situação do cineasta franco-polaco Roman Polanski, acusado de violação e que lidera em número de nomeações para a próxima cerimónia pelo seu filme “J’Accuse – O Oficial e o Espião”, o que incomoda feministas e a opinião pública.
Várias associações feministas convocaram mesmo uma manifestação em frente ao Pleyel de Paris, local onde se realizará a cerimónia de entrega dos César, marcada para 28 de fevereiro.
Na sexta-feira (dia 14), o Centro Nacional de Cinema informou que tinha iniciado “um trabalho de diálogo” para renovar a organização dos César, a pedido do ministro da Cultura francês, Franck Riester. O objetivo é obter um projeto de novos estatutos, que “será submetido ao voto de uma assembleia geral extraordinária” até o fim de março.
Riester deseja que a nova direção seja “conduzida por um funcionamento democrático e de exigências de abertura, transparência, igualdade e diversidade”.
O grupo Canal+ confirmou que a cerimónia será transmitida em direto a 28 de fevereiro.
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Fonte: Lusa
Liliana Teixeira Lopes