Um estudo feito no Reino Unido mostra que grande parte das rádios ignoram as performances e as obras de artistas mulheres na área da música de Dança. Mas não só…
As rádios ignoram em grande parte as performances e os trabalhos na área da música de dança de artistas femininas. É a conclusão de uma investigação britânica.
Menos de 1 por cento da música de dança tocada no Reino Unido é feita por artistas femininas a solo, ou bandas ou projetos compostos exclusivamente por mulheres, resume o estudo.
As mulheres estão também pouco representadas nas tabelas de música de dança, constituindo apenas 5 por cento dos êxitos, de acordo com a investigação que verificou o equilíbrio (ou a falta dele) de género naquela área.
Para que estas artistas se possam fazer ouvir, avança o mesmo trabalho, têm de se associar ou colaborar com produtores masculinos.
Canções em que as mulheres surgem como vocalistas representam 44 por cento da música de dança que passa nas rádios, mas apenas são 37 por cento as que vêem os seus trabalhos entrarem para as tabelas de êxitos musicais.
A investigação abrange os anos de 2020 e 2021 e foi realizada pela Jaguar Foundation, criada pela DJ da Radio 1 Jaguar Bingham.
Perante estes resultados, ela diz-se dececionada e triste, pois demonstram que, não só as mulheres como os não-binários, estão afastados desde os locais de decisão até aos tops da cena musical do “clubbing”.
Jaguar acredita que a falta de artistas femininas na produção da música de dança é sistémica, com muitas das mulheres a serem desencorajadas, desde cedo, a tentarem alcançar uma carreira nesta área. E acrescenta que mesmo nas escolas, os alunos do sexo masculino, são muito mais encorajados a experimentarem áreas mais técnicas, como a produção musical.
Por isso, há mais homens nesse campo, e logo, acabam por dominar toda a indústria musical. Todos os que não são do sexo masculino, sentem-se excluídos e desconfortáveis.
Mas o estudo dá ainda a entender que há lugar para algum otimismo. Os autores referem que o relatório mostra que a proporção de performances de mulheres e não-binários no Reino Unido, aumentou para o dobro desde 2018, sendo agora de 28 por cento.
No entanto, faz notar também que muitas vezes, as mulheres são reservadas para fazer o “warm-up”, o aquecimento, para os “sets” de artistas masculinos. E isso é evidente não só em eventos criados por rádios ou em clubes, bares e discotecas, como em festivais.
Além de isso, o estudo, que se apoia também em dados da Sony Music UK Social Justice Fund, salienta que muitas mulheres se sentem pouco seguras nesses clubes, tendo que estar sempre atentas às suas bebidas para que não sejam drogadas, ou sendo constantemente assediadas.
Fonte: BBC
Liliana Teixeira Lopes