O livro de Rick Blackman vai ser apresentado pelo autor na loja de discos Porto Calling, no próximo sábado.
As empresas estão a absorver a música de caráter político dos mais jovens em nome do lucro, disse à agência Lusa o historiador britânico Rick Blackman, autor do livro “Babylon’s Burning”, que vai ser apresentado no fim de semana, no Porto.
Segundo o investigador, o interesse pela música com consciência política e social depende, em grande parte, da idade e da geografia. E dá como exemplo que “não há um único país no mundo onde não exista ‘hip-hop'” com marcas políticas e sociais, embora nem sempre incólumes a linhas domimantes impostas pelo mercado.
Blackman, 60 anos, professor de História Moderna na London School of Economics, refere o ‘hip-hop’ como “caso que deve ser estudado”, considerando que se trata provavelmente do maior género musical atualmente a nível mundial, altamente politizado, mas exposto “como sempre” às movimentações das grandes companhias eficazes na absorção da rebeldia dos jovens.
“Há dez anos o tema de Gil Scott-Heron ‘The Revolution Will Not be Televised’ foi usado num anúncio comercial de sapatilhas ‘Nike’. Gil Scott-Heron [1949-2011] deu voltas na tumba de certeza. O sistema e as grandes companhias, com o intuito do lucro, anulam quase sempre as ideias e a expressão dos mais novos”, lamenta Blackman.
“Aprendam as lições dos anos 1960 e 1970 e, sem dúvida, do [movimento] Punk, e deixem os jovens expressarem novas formas de arte e ideias, através do ‘hip-hop’ – ou do que quer que seja. Se falarmos com jovens de 18 ou 19 anos que se manifestam nas ruas sobre o genocídio em Gaza apercebemo-nos que são pessoas que ouvem música com caráter político”, frisa o historiador.
A investigação de Blackman sobre movimentos musicais que confrontaram o aumento de organizações fascistas no Reino Unido, nos últimos 60 anos, conclui que a música e a subcultura urbana contribuíram para uma consciência política que ainda perdura, apesar da pressão das grandes empresas e do sistema capitalista.
O livro “Babylon’s Burning – Music, Subcultures and Anti-Fascism in Britain 1958-2020”, que vai ser apresentado pelo autor na loja de discos Porto Calling, no próximo sábado, pormenoriza os acontecimentos iniciais relacionados com as agressões de organizações fascistas contra a primeira vaga de imigração das Caraíbas, sobretudo da Jamaica, em Notting Hill, Londres, em 1956.
Fonte: Lusa
Liliana Teixeira Lopes