Tudo por causa da falta de diversidade, na demora em corrigir o problema e nas irregularidades com os seus membros… além de histórias de assédio.
Liliana Teixeira Lopes
Hollywood resolveu boicotar os Globos de Ouro.
Logo para começar, o canal norte-americano NBC anunciou que não transmitirá a cerimónia dos prémios do próximo ano.
Lembro que a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood aprovou uma série de reformas destinadas a impulsionar a inclusão e a diversidade após meses de críticas na indústria do cinema e da TV americana, mas acrescentou que só será possível pô-las em prática em 2023.
Segundo a publicação Deadline, Tom Cruise também devolveu à sede da Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood os três troféus que ganhou ao longo da carreira, os de Melhor Ator por “Nascido a 4 de Julho” (1989) e “Jerry Maguire” (1996), e o de Ator Secundário por “Magnolia” (1999).
Desde fevereiro que a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood, um grupo com cerca de 90 jornalistas internacionais que entrega os Globos de Ouro de cinema e televisão desde 1944 e exerce grande influência, está a recuperar de uma investigação de fevereiro do jornal LA Times que revelou que não possui membros negros. A organização também enfrenta há muitos anos acusações de falta de transparência nos seus procedimentos.
A reputação já tinha sido abalada no passado pela presença entre os membros da associação de um punhado de personalidades surpreendentes com pouca ou desconhecida atividade jornalística.
A Netflix e a Amazon, que estiveram entre os estúdios mais nomeados este ano nos filmes e nas séries, anunciaram que não estavam mais interessados em trabalhar com a associação até que mudanças “mais significativas” sejam feitas.
Ao boicote juntou-se ainda o estúdio Warner Bros., que inclui os canais HBO, HBO Max, TNT e TBS, que escreveu uma carta ao presidente da HFPA Ali Sar indicando que a agenda de reforma não estava a ir “suficientemente longe”.
A Warner Bros. menciona ainda conferências de imprensa nas quais os “artistas enfrentaram problemas racistas, sexistas e homofóbicos” e acrescenta que “durante demasiado tempo foram feitas solicitações de benefícios, favores especiais e pedidos pouco profissionais” às equipas e outras pessoas da indústria.