Produções em realidade virtual têm pela primeira vez uma competição de obras imersivas no festival de cinema.

Liliana Teixeira Lopes

Em 2017, o Festival de Cannes apresentou “Carne y arena”, do mexicano Alejandro González Iñárritu, obra em realidade virtual sobre os migrantes.

Desta vez, o festival criou uma competição específica para obras imersivas, que mediante a realidade virtual ou aumentada, permitem aos espetadores habitarem outros corpos e épocas.

A tecnologia, ainda pouco conhecida, é “como um minicinema individual onde são utilizados todos os dispositivos tecnológicos do capacete (virtual) para mergulhar o utilizador numa história”, explica Arnaud Colinart, produtor de Atlas V.

Além dos oito candidatos a concurso, há outras seis obras, realizadas há vários anos, numa mostra paralela.

É o caso de “Gloomy Eyes”, dos argentinos Fernando Maldonado e Jorge Tereso, que faz recordar o universo de Tim Burton, e mergulha o espetador na história de um menino zombie apaixonado.

Outro é “Battlescar”, do venezuelano Martín Allais e do argentino Nico Casavecchia, que narra o encontro entre uma aspirante a cantora e uma jovem que acaba de deixar uma prisão de Nova Iorque.

“É um meio que, inevitavelmente, só existe atualmente por causa dos festivais. O que se vê aqui não é algo que pode ser consumido fora. São obras muito específicas para festivais, uma experiência muito única que, no fundo, ainda não é muito comercial”, reconhece o cineasta venezuelano radicado na Espanha.

Na sua opinião, existe também uma barreira tecnológica, já que ainda há uma minoria de pessoas com condições de adquirir o equipamento necessário, ainda muito caro, para apreciar estas obras imersivas.

Os especialistas estão confiantes, no entanto, de que a presença em grandes festivais, como o de Veneza ou de Cannes, pode dar um impulso para levar esta tecnologia a mais utilizadores.

https://www.festival-cannes.com/en/press/press-releases/an-immersive-2024-festival/