Foi descoberto o guião para o cinema de "O Galo de Ouro", de Juan Rulfo, escrito pelo Prémio Nobel da Literatura.
A Fundação Juan Rulfo e o filho do escritor colombiano Gabriel García Márquez confirmaram a existência de uma primeira versão de um guião do Nobel da Literatura para a adaptação cinematográfica do romance “O Galo de Ouro”, do autor mexicano.
De acordo com a publicação feita pela fundação nas redes sociais, citada pela agência Efe, esta adaptação vai estar explanada no próximo livro do especialista em cinema e literatura mexicana Douglas J. Weatherford, que vai conter os guiões das adaptações ao grande ecrã dos romances “Pedro Páramo”, escrito em 1955, e “O Galo de Ouro”, de 1963 e 1964, respetivamente – duas obras de Rulfo publicadas em Portugal pela Cavalo de Ferro.
O primeiro texto para o filme, dirigido pelo realizador mexicano Roberto Gavaldón, foi escrito por García Márquez quando chegou ao México e pôde ser reescrito por Carlos Fuentes, o autor de “O Velho Gringo”, que trabalhou na primeira versão do guião e na definitiva.
Gabriel García Márquez, Nobel da Literatura em 1982, chegou ao México em 1961 e revelou, numa entrevista à agência Efe, em 2013, um ano antes da morte, que se inspirou em “Pedro Páramo” para escrever a obra “Cem Anos de Solidão”.
O filho de Rulfo, Juan Carlos, explicou à agência espanhola de notícias que este guião “é um dos primeiros que ‘Gabo’ (como era familiarmente conhecido García Márquez) escreveu e não foi contemplado pelo realizador”.
Apesar de serem conhecidos os contributos de García Márquez e Fuentes, através dos créditos do filme que lhes atribuíam os papéis de adaptadores, até agora ninguém sabia da existência de “um guião solitário” escrito – pelo menos no início – por Márquez.
Juan Rulfo (1917-1986) “é talvez o autor sul-americano mais comentado, elogiado e imitado do século XX”, escreve a editora portuguesa Cavalo de Ferro, na página dedicada ao autor. “Toda a sua obra literária conhecida, que, reunida, pouco ultrapassa as 300 páginas, é considerada como fundadora de uma nova forma de literatura”, tendo aberto caminho a escritores como Gabriel García Márquez, “um dos seus mais famosos e reconhecidos devedores”, Pablo Neruda, Carlos Fuentes, Octávio Paz, Jorge Luis Borges ou Juan Carlos Onetti, que destacaram a importância do autor.
Fonte: Lusa
Liliana Teixeira Lopes