O Festival Internacional de Cinema decorre de 17 a 27 de outubro na capital.
Liliana Teixeira Lopes
Mais de 40 filmes portugueses, um ciclo histórico sobre cinema alemão, um alerta para o Brasil e um novo projeto profissional são algumas das propostas do Festival Internacional de Cinema DocLisboa, que começa já na próxima semana, na quinta-feira, 17 de outubro e decorre até ao final do mês, até dia 27.
Este ano o programa conta com 303 filmes, mas as competições oficiais estão mais reduzidas. A competição internacional é feita com 14 documentários que são, de acordo com a diretora do festival Cíntia Gil, “graciosas reviravoltas sobre si próprios”, entre os quais a curta-metragem-manifesto “Eu não sou Pilatus”, do ator e realizador luso-guineense Welket Bungué, e “Um filme de verão”, da realizadora brasileira Jo Serfaty.
A competição portuguesa revela diversidade e um “equilíbrio geracional”, explicou Cíntia Gil, e inclui filmes que já passaram por festivais estrangeiros, como “Prazer, Camaradas!”, de José Filipe Costa, “Três perdidos fazem um encontro”, de Atsushi Kuwayama, e “Raposa”, de Leonor Noivo.
O DocLisboa, organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, abre no próximo dia 17 com “Longa noite”, do realizador espanhol Eloy Enciso.
Há também uma retrospetiva dedicada ao cinema da Alemanha de Leste, numa altura em que se assinalam os 30 anos da queda do Muro de Berlim.
Outra das retrospetivas deste DocLisboa será sobre a obra de Jocelyne Saab, jornalista e realizadora libanesa que morreu em janeiro passado. Entre os filmes escolhidos está “Palestinian Women”, de 1974, censurado e nunca exibido. Passará em Lisboa numa cópia produzida pela Cinemateca Portuguesa para o festival.
De toda a programação delineada, destacam-se ainda alguns filmes como “Brexit behind the doors”, de Lode Desmet, “The Brink”, de Alisno Klayman, sobre Steve Bannon e “Nomad: In the footsteps of Bruce Chatwin”, de Werner Herzog.
A secção “Cinema de Urgência” terá “O que vai acontecer aqui?”, do coletivo Left Hand Rotation, sobre “os movimentos sociais que defendem o direito a habitar Lisboa”.
Aquando da apresentação do programa, Cíntia Gil tinha reforçado ainda o apoio e a solidariedade ao cinema independente brasileiro, em tempo de administração de Jair Bolsonaro, destacando a inclusão de “Chão”, filme de Camila Freitas sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e “Chico: Artista Brasileiro”, de Miguel Faria Jr. Já a programadora Joana Sousa fala de “A nossa bandeira jamais será vermelha”, uma obra de Pablo Lopez Guelli.
No programa “Heat Beat”, com documentário sobre música e arte, estarão, entre outros, “Zé Pedro Rock n’Roll”, de Diogo Varela Silva, “Sophia, na primeira pessoa”, de Manuel Mozos, “Don’t look back”, de D. A. Pennebaker, “The porjectionist”, de Abel Ferrara, e “Retrospective”, de Jerôme Bel, que estará em Lisboa.
Este ano há dois prémios a destacar nesta edição: um é novo, o outro mudou de nome mas tem um significado especial. O Prémio Fernando Lopes para o melhor primeiro filme português é novo e pretende ajudar alguém que se estreia na realização. O Prémio Pedro Fortes é o novo nome do prémio da secção “Verdes Anos”, em homenagem a Pedro Fortes, um dos elementos da equipa do Doclisboa, que morreu este ano e cuja edição de 2019 do festival também lhe é dedicada. O Festival termina no dia 27, apesar do filme de encerramento, “Technoboss”, de João Nicolau, passar na véspera, dia 26 de outubro.