A obra de Rodrigo Areias é baseada numa história de Walter Hugo Mãe.
Liliana Teixeira Lopes
“Surdina”, um filme de Rodrigo Areias sobre amor, velhice e o que se diz entre dentes, estreia-se esta semana. E estreia numa altura em que “vai ser difícil conseguir cativar as pessoas para ir ao cinema”, admitiu o realizador, Rodrigo Areias.
O filme, que conta com as interpretações de António Durães, Ana Bustorff, Adelaide Teixeira, Jorge Mota, Fernando Moreira e Mário Moutinho, entre outros, devia ter tido estreia comercial em abril, mas a data foi alterada por causa da covid-19. Agora, Rodrigo Areias considera, em declarações à agência Lusa, que o lançamento do filme é arriscado, porque os espectadores ainda podem ter receio de estar numa sala de cinema.
“Surdina” é a mais recente ficção de Rodrigo Areias, e conta com argumento do escritor Valter Hugo Mãe, com quem o cineasta queria trabalhar há mais de uma década.
A rodagem teve lugar no centro histórico de Guimarães e em São Cristóvão de Selho, no concelho vimaranense, locais com pontos de contacto familiares tanto para Rodrigo Areias como para Valter Hugo Mãe.
O realizador conta que conheceu o escritor há mais de dez anos e ficou aí a vontade de uma colaboração criativa. Rodrigo Areias admite que precisou de tempo para amadurecer a história e o trabalho como realizador perante este argumento.
O ator António Durães surge na pele do protagonista, no papel de Isaque, um homem solitário, a lidar com a passagem do tempo, numa aldeia pequena em que todos comentam a vida alheia e onde regressa a mulher que supostamente tinha morrido.
Além de ser atravessado por uma comicidade contida, “Surdina” encerra um enigma, de algo que está enjaulado no quintal de Isaque, algo que não é óbvio e cuja interpretação Rodrigo Areias empurra para o espectador.
Resta dizer que “Surdina” tem banda sonora de Tó Trips, que atua em várias sessões em formato cine-concerto.