Grupo de cientistas e artistas cria “mini-cérebro” do falecido compositor norte-americano para conseguirem compor música nova.

Um grupo de cientistas e artistas juntou-se, na Austrália, para dar nova “vida” a Alvin Lucier, compositor norte-americano falecido em 2021. Criaram um “mini-cérebro”, recorrendo às células do falecido compositor, que conseguiu compor música nova.

Conhecido como “revivificação”, este processo está em exibição na AGWA – Art Gallery of Western Australia, em Perth, na Austrália, até ao dia 3 de agosto. A entrada é gratuita.

Falecido em 2021, Alvin Lucier foi um dos nomes mais sonantes da música experimental e minimalista norte-americana. A sua obra mais conhecida, “I Am Sitting In A Room”, de 1969, explorou questões de identidade, ressonância e tecnologia.

Lucier começou a trabalhar com este projeto em 2018, doando as suas próprias células. Estas seriam reprogramadas por cientistas da Universidade de Harvard em células estaminais, que se desenvolveram ao ponto de mimetizar certos aspetos do cérebro humano.

Este “mini-cérebro”, alojado numa estrutura composta por vinte placas de latão, produz sinais que enviam pulsações que, ao embater nessas mesmas placas, geram ressonância.

Em declarações ao jornal “The Guardian”, Guy Ben-Ary, um dos envolvidos no projeto, afirmou que o seu maior interesse reside em “saber se este organismo irá mudar ou aprender com o tempo”.

“Quando contei à filha dele sobre este projeto, ela riu. Disse que era a cara do pai. Antes de morrer, ele fez com que pudesse tocar música para sempre.”.

Nathan Thompson, outro dos envolvidos, não negou ao “The Guardian” que o projeto possa despertar alguns dilemas éticos: “Estamos interessados em questões maiores, para as quais este trabalho não tem resposta”, contou. “Queremos convidar as pessoas a discutir: pode a criatividade existir fora do corpo humano? É ético que assim seja?”.

Ficam as questões.

https://www.theguardian.com/artanddesign/2025/apr/09/alvin-lucier-dead-composer-making-music-ai-artificial-intelligence-brain

Fonte: The Guardian

Liliana Teixeira Lopes