A morna foi classificada como património imaterial da humanidade pela UNESCO. A notícia foi partilhada pelo ministro da cultura cabo-verdiano, Abraão Vicente, na sua página de Facebook, onde confirmou que o comité técnico dos peritos da UNESCO tinha aprovado o dossiê da morna a Património da Humanidade.
A morna é um género musical típico de Cabo Verde, que se distingue pelo seu andamento lento, regra geral fincado num compasso binário e com uma estrutura harmónica construída sobre um ciclo de quintas. Apesar de não haver consenso académico no que diz respeito ao seu aparecimento, a memória oral aponta para que a morna tenha aparecido na Ilha da Boa Vista ainda no século XVIII, mas é do século XIX que datam os primeiros vestígios históricos da sua existência, segundo Alves dos Reis. Alguns teóricos admitem que a morna terá tido origem num outro género, o lundum, que também terá chegado às ilhas atlânticas no século XVIII. Hoje em dia, são reconhecidas três vertentes da morna, nomeadamente, a da Boa Vista, a Brava e a de São Vicente.
Até aos dias de hoje, o género passou por várias fases – da sua romantização pelo poeta Eugénio Tavares; ao enriquecimento dos seus acordes base, nas décadas de 30 e 40, por Francisco Xavier da Cruz, vulgo B. Leza. Entre as figuras de proa do movimento está Cesária Évora, cujo papel ímpar na divulgação da morna foi incluído na candidatura, mas também dezenas de outros artistas, como Bana, Danny Silva, Ildo Lobo, Maria de Barros, Nancy Vieira ou Tito Paris.
A decisão ainda carece de ratificação, algo que acontecerá em Dezembro na Colômbia.
João Barros