O governo britânico lançou um guia relativo a digressões europeias num cenário de Brexit sem acordo. O documento pretende ser uma ajuda para os artistas britânicos que queiram manter-se nos palcos europeus. Entre os tópicos abordados estão documentação necessária à circulação de pessoas fora do espaço único, possíveis contribuições à segurança social nos países de destino, cobertura de cuidados de saúde, possível necessidade de licenças de condução específicas e questões relativas ao transporte de bens, como instrumentos musicais ou materiais publicitários.
A indústria musical britânica tem-se expressado fortemente contra o Brexit ao longo dos últimos dois anos e meio – dados avançados por representantes do sector apontam para que só 2% estejam confiantes de que o Brexit terá um impacto positivo na sua operação. A União Europeia é o maior mercado de exportação discográfica do Reino Unido, assegurando mais de 40% do total exportado. Além das exportações e da crescente dificuldade em assegurar digressões europeias, está também em cima da mesa um aumento no custo de produção de vinil naquele país, já que a maior parte das fábricas de impressão utilizadas pelas editoras britânicas se situa na Europa continental. Isto além de possíveis embargos a registos físicos, por exemplo, como tem sido notado por altos representantes do sector.
A indústria musical britânica é uma das maiores do mundo, com um valor estimado de £4,5 mil milhões – valor esse que tem aumentado nos últimos anos, em grande parte devido ao consumo europeu, e que pode sofrer quebras significativas com o Brexit. As editoras e artistas independentes estão particularmente vulneráveis, uma vez que operam com margens de lucro reduzidas.
A saída do Reino Unido da União Europeia foi votada no dia 23 de Junho de 2016 – o sim venceu por uma margem mínima, com 51,9% dos votos. A Escócia e a Irlanda do Norte votaram contra. Apesar de várias tentativas por partes dos membros do parlamento britânico para impedirem uma saída desordeira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, continua a garantir que o Brexit acontecerá já no dia 31 de Outubro, com ou sem acordo.
João Barros