O filme de Chloé Zao venceu três estatuetas douradas numa cerimónia, no mínimo, atípica.

“Nomadland”, de Chloé Zhao, foi o grande vencedor da noite da 93ª entrega dos Óscares que decorreu no domingo, com três estatuetas douradas (Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz para Frances McDormand).

“Mank”, de David Fincher, que era o filme mais nomeado (em 10 categorias), foi o maior derrotado, conseguindo apenas dois Óscares (Fotografia e Direção de Arte).

Anthony Hopkins venceu o Óscar de Melhor Ator em “O Pai”.

Daniel Kaluuya conquistou o Óscar de Ator Secundário, pelo desempenho em “Judas e o Messias Negro… Já Youn Yuh-jung tornou-se com “Minari” a primeira intérprete sul coreana a ganhar a estatueta dourada como Atriz Secundária.

Emerald Fennell venceu o Óscar pelo Argumento Original de “Uma Miúda com Potencial” e Christopher Hampton, nascido nos Açores, em parceria com Florian Zeller, o autor da peça original e que realizou o filme, venceram o Óscar de Melhor Argumento Adaptado por “O Pai”.

Thomas Vinterberg, realizador de “Mais uma Rodada” foi o esperado vencedor do Óscar de Melhor Filme Internacional.

“Soul – Uma Aventura com Alma” venceu na categoria de Longa-Metragem de Animação, enquanto “If Anything Happens I Love You” arrebatou o troféu de Melhor Curta de Animação. “Soul” conquistou ainda o galardão para Melhor Banda Sonora para o trio Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste.

Numa cerimónia marcada pelo distanciamento social na Union Station de Los Angeles e num esforço para evitar discursos por zoom, com nomeados espalhados por várias cidades os produtores Steven Soderbergh, Stacey Sher e Jesse Collins aproveitaram as circunstâncias de um evento adaptado ao impacto da pandemia para fazer experiências.

A abertura foi como um filme, baralhou-se a ordem mais ou menos tradicional dos prémios, os apresentadores estavam no meio do público e os tradicionais excertos dos filmes foram substituídos por apresentações mais longas sobre as origens e inspirações artísticas dos nomeados ou, no caso dos atores, por descrições das suas personagens. Festejou-se a diversidade e a cerimónia foi a mais curta dos últimos oito anos, mas ritmo foi sistematicamente quebrado, quase sempre em tom morno e a falta de um anfitrião fez-se sentir, mais uma vez.

Mas a maior experiência de todas foi deixar para último troféu não o de Melhor Filme, mas o de Melhor Ator, uma escolha que se revelou estranha: os produtores estavam certamente a contar que Chadwick Boseman ganhasse a título póstumo e a sua viúva subisse ao palco para fazer mais um discurso emotivo, como aconteceu noutras cerimónias, mas o tiro saiu pela culatra quando Joaquin Phoenix anunciou que a estatueta ia para Anthony Hopkins, exatamente como aconteceu nos prémios BAFTA da Academia Britânica.

O final acabou por ser anticlimático e pouco “cinematográfico”: exatamente três décadas após a vitória por “O Silêncio dos Inocentes”, o ator de 83 anos tornou-se o maior veterano a ganhar na categoria com “O Pai”, mas como não estava em Los Angeles nem na “hub” de Londres, mas num hotel no País de Gales, não houve discurso de agradecimento e a cerimónia acabou a correr e sem o seu habitual ponto alto de entusiasmo.

https://www.oscars.org/oscars/ceremonies/2021

Fonte: Lusa / SAPO Mag

Liliana Teixeira Lopes