Foi na semana passada que morreu um dos maiores pensadores de Portugal: Eduardo Lourenço. Tem, por isso, pertinência falar do documentário “O Labirinto da Saudade”, de Miguel Gonçalves Mendes, já disponível em DVD.
Liliana Teixeira Lopes
Foi no passado dia 1 de dezembro que morreu o ensaísta Eduardo Lourenço, Prémio Camões e Prémio Pessoa, aos 97 anos, deixando uma vasta obra de “grande originalidade”, e a imagem do homem que permitia “a única reflexão inteligente sobre a política nacional”.
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.
Apaixonado pela literatura, referia-se aos livros como “filhos” e dizia que “estar-se sem livros é já ter morrido”.
Mas foi sobretudo sobre a poesia, mais do que a prosa, que incidiram os seus ensaios, de Luís de Camões a Miguel Torga, passando por Fernando Pessoa.
O tema da Europa, e do lugar de Portugal na Europa, é recorrente na obra do autor, e “O Labirinto da Saudade”, de 1978, o seu trabalho mais celebrado, é o exemplo de “um discurso crítico sobre as imagens que de nós próprios temos forjado”, nas palavras do próprio autor.
Em 2018, foi protagonista e narrador da sua própria história, num filme de Miguel Gonçalves Mendes, que teve antestreia a 23 de maio, dia em que Eduardo Lourenço completou 95 anos.
Intitulado “O Labirinto da Saudade”, o filme adapta a obra homónima de Eduardo Lourenço e traça uma viagem através da cabeça do pensador português, constituindo-se como uma “homenagem em vida” do realizador ao ensaísta.
“O Labirinto da Saudade” venceu em 2018, ano em que foi lançado, o Prémio Sophia na categoria de Melhor Documentário em Longa-Metragem.
O documentário é narrado e protagonizado pelo próprio Eduardo Lourenço, e “percorre os corredores da sua memória e da história de Portugal”, como escreve a Academia Portuguesa de Cinema.
“Pelo caminho, cruza-se com fantasmas do nosso passado e amigos do seu presente – figuras marcantes da cultura lusófona como Álvaro Siza Vieira, José Carlos Vasconcelos, Diogo Dória, Gonçalo M. Tavares, Lídia Jorge, Ricardo Araújo Pereira e Gregório Duvivier, que assumem o papel de interlocutores e condutores das reflexões escritas no livro”.