Foi inédito. O prémio foi atribuído aos 4 finalistas que decidiram unir-se num coletivo.

É uma situação inédita…

O Prémio Turner 2019 foi atribuído, na terça-feira, em Londres, aos artistas Lawrence Abu Hamdan, Helen Cammock, Tai Shani e Oscar Murillo, os quatro finalistas que decidiram unir-se num coletivo, de forma inédita, e que o júri aceitou distinguir.

Os direitos humanos e os direitos das mulheres, a Irlanda do Norte, as repercussões sociais da globalização e a importância da memória são vetores que atravessam o trabalho destes artistas, que alertaram para a “destruição dos serviços sociais” e para “o ambiente de radicalismo, de fascismo e racismo, de brutalidade” que se vive atualmente.

No momento do anúncio do prémio, a audiência foi surpreendida pelo facto de os quatro artistas terem decidido, de forma inédita, unir-se num coletivo, pedindo ao júri que assim os aceitasse, ao que o júri respondeu afirmativamente de forma unânime. Fortemente aplaudidos pelo público, os quatro artistas, que vão partilhar 40 mil libras (cerca de 47 mil euros), justificaram que, depois de uma discussão sobre o seu trabalho, a atualidade do Reino Unido e mundial, chegaram a uma decisão “contra a atual tendência de dividir e individualizar”.

Na base da escolha de Helen Cammock para finalista esteve a exposição “The Long Note at Void”, mostrada em ‘Derry/Londonderry’ e em Dublin, que aborda o papel das mulheres no movimento dos direitos civis, numa das localidades mais marcadas pelo confronto de décadas entre nacionalistas e unionistas, no Ulster.

A exposição individual “Earwitness Theatre”, em Chisenhale, a vídeoinstalação “Walled Unwalled” e a performance “After SFX”, na Tate Modern, em Londres, estiveram na base da escolha do artista jordano Lawrence Abu Hamdan, residente em Beirute. O trabalho de Abu Hamdan investiga crimes ocultos, “ouvidos e não vistos”, “explorando os processos de reconstrução, a complexidade da memória e da linguagem, assim como a urgência dos direitos humanos e da sua defesa”.

De Oscar Murillo, é recordada a participação, no ano passado, na 10ª Bienal de Arte Contemporânea de Berlim, a exposição individual “Violent Amnesia”, em Cambridge, e a mostra “K11”, em Xangai, na China, em que se destaca a capacidade de levar os materiais ao limite e “a variedade de técnicas e meios”, que combinam pintura desenho, performance, escultura e som, muitas vezes com apelo a materiais reciclados.

A escolha de Tai Shani é sustentada pela participação na mostra Glasgow International, pela exposição individual “DC: Semiramis”, em Leeds, e pela participação em “Still I Rise”, mostra coletiva sobre “feminismos, género e capacidade de resistência”, em diferentes expressões artísticas.

Os quatro finalistas têm as suas obras em exposição na Turner Contemporary, em Margate, até 12 de janeiro de 2020.

https://www.tate.org.uk/art/turner-prize

Fonte: Lusa

Liliana Teixeira Lopes