O RA falou com promotores, fornecedores e participantes de eventos sobre os prós e os contras da tecnologia de sistemas sem dinheiro que utilizam a tecnologia Radio Frequency ID (RFID) e que se está a tornar a norma em festivais em todo o mundo.
Eliminando a necessidade de transportar dinheiro, estes chips anexados às pulseiras podem ser recarregados online, em quiosques ou através da leitura de códigos QR.
Depois disso basta tocar com as pulseiras para pagar alimentos,bebidas e outras coisas.
Os promotores também fazem parceria com fornecedores de RFID para ajudar na autorização de entrada para compradores de bilhetes.
Os organizadores de um festival do Reino Unido (que não quiseram ser identificados) disseram ao Resident Advisor que normalmente acumulam entre £ 50.000 e £ 100.000 em reembolsos não reclamados de pulseiras.
De acordo com um documento de um fornecedor dessa tecnologia, os lucros como estes são vendidos como um benefício chave para os promotores, no entanto, o porta-voz da Glownet, James Turner, disse que a empresa incentiva os promotores a doar fundos não reclamados para instituições de caridade e a usar um modelo de carteira digital para que as pessoas paguem pelo que compram, eliminando assim a necessidade de reembolso.
A RFID tem sido vista de várias maneiras, o festival Sónar de Barcelona, que implementou a tecnologia em 2015 diz ter sido um passo lógico depois de anos de bilhetes e senhas no bar, pois simplifica processos para a equipa e público.
Noutro festival em França, o Hadra, tentaram testar o sistema sem dinheiro em 2015, mas tiveram problemas de WiFi que levaram a transações fracassadas.
O RA ouviu 35 participantes no Boom Festival do ano passado em Portugal – a maioria relatou uma experiência positiva sem dinheiro, outros por exemplo, disseram que a digitalização era “estranha” e que foi frustrante quando houve situações em que a pulseira não funcionava devido a um erro de sistema e apesar de terem dinheiro no bolso, não conseguiam comprar uma bebida.
Falando agora de privacidade, muitos utilizadores podem ser forçados a fornecer dados consideráveis ao organizador do evento, em última análise quanto mais dados forem coletados, maiores serão os riscos à privacidade.
O perigo real de algumas leis surgirá quando as empresas privadas substituírem a RFID por identificações biométricas , será aí que a privacidade desaparece para sempre.