A plataforma está a tentar entrar em acordo com os grandes estúdios de gravação para licenciar obras e treinar sua ferramenta que gera músicas com IA.

Depois das editoras estarem a processar as startups de inteligência artificial (IA) por uso indevido de propriedade intelectual, o YouTube está a tentar entrar em acordo com os grandes estúdios de gravação para licenciar obras e treinar a sua ferramenta que gera músicas com inteligência artificial, segundo uma reportagem divulgada no final do mês de junho, pelo Financial Times.

De acordo com fontes familiarizadas com o assunto, a plataforma de vídeos teria oferecido “quantias fixas” à Universal Music Group, Sony Music Entertainment e Warner Records — os três maiores estúdios de música da indústria — para licenciar as suas obras e treinar legalmente as suas ferramentas de música baseadas em IA.

Numa nota ao Financial Times, o YouTube revelou que não pretende expandir o “AI Dream Track” — que, atualmente, é apoiado por apenas dez artistas, incluindo Demi Lovato, John Legend, Sia e T-Pain. No entanto, confirmou que esteve “a negociar com as editoras sobre outras experiências”, sem revelar detalhes do projeto.

A plataforma estaria a tentar licenciar músicas de dezenas de artistas, segundo a mesma reportagem. Essas obras seriam utilizadas para treinar as novas ferramentas de inteligência artificial que estão previstas ainda para este ano. Os valores em negociação são desconhecidos, mas acredita-se que o pagamento seria único, e não baseado em royalties.

Assim como o “AI Dream Track”, a nova ferramenta de IA do YouTube poderia ser integrada no Shorts, uma plataforma de vídeos curtos “inspirada” no TikTok, que já responde por 25% da faturação de influencers registados no serviço.

Os investimentos do YouTube são revelados a meio das batalhas legais travadas pela RIAA – Recording Industry Association of America, que tem por objetivo a proteção dos direitos de autor contra o treino não autorizado de modelos capazes de gerar música com Inteligência Artificial.

Os avanços de tecnologias de inteligência artificial geram novos debates acerca de seu uso responsável, levando várias empresas de diferentes esferas a adotarem medidas que protejam obras de artistas, escritores e outros profissionais do ramo criativo, além de prevenir que o uso desenfreado dessa ferramenta gere prejuízos.

O Spotify, por exemplo, já foi mesmo obrigado a remover milhares de músicas criadas por inteligência artificial com o objetivo de gerar receita indevida.

Fonte: Financial Times

Liliana Teixeira Lopes